Não me tira o sono mas me dá pesadelos
Acordei hoje me sentindo extremamente triste e rejeitada por conta de um sonho que tive, mas do qual não consigo me lembrar. Ficou, no lugar da lembrança, só o desconforto.
Não segui a rotina matinal que havia estabelecido pras minhas manhãs: pulei a caminhada e a prática de yoga e passei um café vendo vídeos no Instagram, mesmo sabendo que não devia.
Agora eu te escrevo — ouvindo Van Morrison e ignorando meus afazeres e desprazeres. Enquanto isso, sinto meus olhos com aquele inchaço já familiar que chega pós choro (mas sem choro prévio, dessa vez).
A semana já se iniciou. Eu mesma ainda não comecei nada, além dessa carta — que não sei bem se é pra você ou pra mim.
Aqui comigo tenho também uma insatisfação gigantesca por ter passado tanto tempo procurando caminhos pra comunicar exatamente como me sinto, sem perceber que o indesejável não se resolve só por ter sido dito.
O que não pode ser remediado não resolvido está e essa não solução me incomoda. Não me tira o sono, mas me dá pesadelos. Seguimos sem saber o que fazer com isso, agora em dupla.
Mas me diz você: que culpa tenho eu por sentir assim?
Lembrei agora de um texto que, tenho a honestidade de admitir, não saiu da minha cabeça, mas que escrevi como se fosse meu numa vida que era minha (parece outra) e que, talvez por isso, tenha voltado só parcialmente - não chegou até a vida atual por inteiro.
Ele era na verdade do David Jones, mas eu tomei pra mim e escrevi mais ou menos assim:
É bom e terrível ao mesmo tempo sentir tudo tão profundamente.
Eu sinto tudo o tempo todo.
Eu sinto muito.